Uma pesquisa feita pela arquiteta Gerusa Salado
está desenvolvendo um estudo na Escola de Engenharia de São Carlos, da
Universidade de São Paulo (EESC-USP), a celulose como elemento estrutural das
edificações. E garante que o material pode ser utilizado em empreendimentos
terrestres. A pesquisa, que já vem sendo desenvolvida no Japão, é, segundo ela,
inédita no Brasil.
De acordo com Gerusa, a eficácia do uso do
papelão na construção já foi testada com uma célula-teste de 27 metros cúbicos,
feita com tubos de papelão. Em uma de suas paredes, há uma janela. Na outra,
uma porta. Gerusa explica que as outras duas paredes são “paredes cegas“, ou
seja, sem qualquer tipo de abertura. De acordo com Gerusa, a estrutura se
mostrou resistente às fortes chuvas ocorridas em São Paulo.
“Esta construção experimental está exposta há 70
dias e, diante das tempestades que aconteceram recentemente aqui no interior de
São Paulo, podemos afirmar que ela se mostrou bastante eficaz. No entanto,
diante dos desastres que aconteceram no Rio, essa estrutura não oferece ainda a
garantia de resistência, uma vez que nem o concreto armado ofereceu”,
argumenta.
Entre as vantagens do papelão, está, além da
garantia de sustentabilidade ao empreendimento, o fato de o material dispensar
fundações profundas graças à sua baixa densidade. De acordo com a pesquisadora,
o processo de construção é fácil e rápido e, por isso, dispensa mão de obra
especializada.
O projeto, entretanto, ainda não passou pelos
testes de conforto ambiental. Em relação ao fogo, ela alerta que o material
ainda precisa ser avaliado em relação ao tempo que o papelão pode levar para
ser incinerado e se o fogo pode se extinguir sozinho. Os testes são realizados
em laboratório e seguem normas técnicas nacionais e/ou internacionais.
O intuito das investigações, segundo Gerusa, é
que a estrutura possa vir a ser utilizada na construção como uma alternativa à
alvenaria. A pesquisadora toma como base para sua pesquisa sobre a estrutura de
papelão, já utilizada em sua tese de mestrado, os trabalhos do arquiteto
japonês Shigeru Ban, responsável pelo projeto do Pavilhão Japonês na Feira
Internacional de Hannover (Alemanha) no ano de 2000, que tinha 3,1 mil m² e uma
estrutura constituída de uma casca gigantesca de formato irregular e orgânico,
feita a partir de uma trama de tubos de papelão
Fonte: Jornal O Globo
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